segunda-feira, 20 de abril de 2020

O ESCARAVELHO



Madalena e Carolina seguem seu passeio pelo “bosque”, ao lado de casa. Entre correrias, tropeços, gritos e danças (de adoração ao sol, penso eu), elas sempre se deparam com algo novo. E a novidade da vez são os escaravelhos. Na verdade, já fazem uns dias que a Madá vem criando uma relação de empatia com esses animais.

Para quem não sabe ou não consegue associar o nome a “pessoa”, escaravelho é atribuído aos animais do filo dos artrópodes, da classe dos insetos, da ordem dos coleópteros e da família dos escarabeídeos, composta de cerca de 15 espécies, das mais diversas formas (sim…pesquisei no Google). Para a Madá, é apenas aquele “bichinho lindo, todo pretinho, que anda de um lado para o outro e tem medo de gente”.

Voltando ao passeio, Madá, que vai bem a frente de nós (é a líder, segundo ela), se depara com um escaravelho em especial. Ele é menor que os demais. Então, agachada, começa a conversar com o diminuto animal. Por sua vez, ele se encolhe logo que ela começa a tocá-lo, mesmo que de forma leve e suave, como se quisesse acalmá-lo ou ganhar a sua confiança. Madá faz “carinha de querida” e voz de bebê para o animal (sim, vai resultar…). Tenta de tudo para que o inseto se sinta confortável com sua presença.

Enquanto isso a Carol vem bem atrás, atrasada devido as pernas curtas e sua incapacidade psicomental de focar em um ponto ou seguir uma linha reta. Chama pela irmã ao mesmo tempo em que agacha-se e uiva para o céu (sim, ela é destas).

Madalena começa a ficar apreensiva. Não sabe o que fazer para o bichano lhe fazer companhia. Começa a fazer perguntas ao bicho e, visto que o retorno é “zero”, aponta-se para mim:

- Pai, por que ele não se mexe?

- Ele está com medo de você, Madá.

- Mas eu não quero magoá-lo. Só quero que ele ande comigo.

- Só isso? E esse ele não quiser? Ou não puder? Ele é daqueles pequenos? Pode ser um filhote a procura da mãe. Deixa ele aí sossegado até a mãe voltar.

- Posso esperar com ele?

- Fica a vontade, o pai seguirá o caminho com a Carol.

- Tá bom, pai. Tchau.

E então, “Bam”! Carol chega a cena e pisa o escaravelho. Madalena, com os olhos arregalados, volta-se para mim, horrorizada. Carol ri! Feliz ela, que encontrou a mana e o escaravelho. (Sim, eu também ri…)

Madá cruza os braços, faz cara feia para a irmã mais nova e, antes de esboçar uma reclamação, contempla um outro escaravelho logo a seguir. Vida que segue.



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