terça-feira, 7 de abril de 2020

BATE-PAPO



Dias atrás, juntei-me com dois amigos para “tomar uma". Fazia tempo que não nos encontrávamos. E continuamos sem nos juntar. Sim, porque, ao contrário da tradicional mesa de bar, cheia de garrafas vazias e copos cheios de cerveja acompanhados de petiscos nada saudáveis, fomos obrigados a beber cada um em seu canto, em uma reunião virtual.

Deves achar que a reunião de amigos ocorreu desta maneira por razões, digamos, pandêmicas. Poderia e deveria ser. Entretanto, neste caso particular, foi por distância mesmo. Com um em Portugal e os outros dois nas metrópoles brasileiras São Paulo e Rio de Janeiro, essa foi a maneira encontrada para o bate-papo.

Confesso que estava precisando de desanuviar um pouco. Com o ritmo de vida atual, moldado pela tentativa árdua de driblar o famigerado vírus, me encontro (como muitos outros por aí) um tanto confinado. Tal cotidiano tem me deixado tenso, inquieto, ansioso. E, contra estes desconfortos psicológicos, nada melhor que encontrar os amigos para aquela habitual roda de conversa fora, o famoso e amado papo-furado.

Não sei como funciona (e se o retorno é satisfatório) para as mulheres, mas para os homens, o convívio, mesmo que momentâneo com nossos colegas, é algo que faz um bem danado. Falar besteira, trocar ofensas, discutir bobagens, pincelar sobre assuntos sérios, avançar sobre os gostos de cada um, sublinhar as mazelas dos mesmos, saborear o passado e rir do presente, sem dar muita moral para o futuro. Ajuda muito, neste processo, uma companhia etílica, que age como um lubrificante ou catalisador da resenha social.

A conversa, em si, rodou em torno do assunto do momento – COVID-19, o vírus, além de seus desdobramentos sociais e econômicos. Assunto importante, que foi devidamente tratado com doses de seriedade, bom senso e sobriedade, misturados com pitadas de bom-humor, malícia, sarcasmo, desinformação e insensatez. Típico de mesa de bar.

Ao final de uma pouco mais de duas horas de conversa, minha garrafa de mezcal quase vazia e um largo sorriso no rosto.

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