Dias
atrás, juntei-me com dois amigos para “tomar uma". Fazia tempo que não nos
encontrávamos. E continuamos sem nos juntar. Sim, porque, ao contrário da
tradicional mesa de bar, cheia de garrafas vazias e copos cheios de cerveja
acompanhados de petiscos nada saudáveis, fomos obrigados a beber cada um em seu
canto, em uma reunião virtual.
Deves
achar que a reunião de amigos ocorreu desta maneira por razões, digamos, pandêmicas.
Poderia e deveria ser. Entretanto, neste caso particular, foi por distância
mesmo. Com um em Portugal e os outros dois nas metrópoles brasileiras São Paulo
e Rio de Janeiro, essa foi a maneira encontrada para o bate-papo.
Confesso
que estava precisando de desanuviar um pouco. Com o ritmo de vida atual,
moldado pela tentativa árdua de driblar o famigerado vírus, me encontro (como
muitos outros por aí) um tanto confinado. Tal cotidiano tem me deixado tenso,
inquieto, ansioso. E, contra estes desconfortos psicológicos, nada melhor que
encontrar os amigos para aquela habitual roda de conversa fora, o famoso e
amado papo-furado.
Não
sei como funciona (e se o retorno é satisfatório) para as mulheres, mas para os
homens, o convívio, mesmo que momentâneo com nossos colegas, é algo que faz um
bem danado. Falar besteira, trocar ofensas, discutir bobagens, pincelar sobre
assuntos sérios, avançar sobre os gostos de cada um, sublinhar as mazelas dos
mesmos, saborear o passado e rir do presente, sem dar muita moral para o
futuro. Ajuda muito, neste processo, uma companhia etílica, que age como um
lubrificante ou catalisador da resenha social.
A conversa, em si, rodou em torno do assunto do momento – COVID-19, o vírus, além de seus desdobramentos sociais e econômicos. Assunto importante, que foi devidamente tratado com doses de seriedade, bom senso e sobriedade, misturados com pitadas de bom-humor, malícia, sarcasmo, desinformação e insensatez. Típico de mesa de bar.
Ao final de uma pouco mais de duas horas de conversa, minha garrafa de mezcal quase vazia e um largo sorriso no rosto.
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