Madalena
chega a casa, me procura e vem a saltitar em minha direção. Me chama, pede para
eu abrir a mão e diz que me dará um presente. Trata-se, segundo ela, de uma
bolota da sorte. Coloca a prenda em minha mão, me dá um beijo daqueles molhados
no rosto (ela deu para beijar as pessoas, agora…) e segue sua vida. Pois é, em
suas andanças pelo bosque, achou uma bolota da sorte e resolveu trazer para o
pai.
Confesso,
fiquei emocionado, paralisado com o gesto. Acredito que não deva ser todo o dia
que ela encontre uma bolota da sorte pelo bosque. Penso que, para ela, uma
bolota da sorte deva ser algo importante o suficiente para ser tratada como um
presente, uma dádiva. E, logo eu, recebi a prenda.
Então,
comecei a pensar mais sobre o assunto. Bolota da sorte. Qual a razão que ela
teria para dar, justo para mim, a bolota? Falta-me sorte? Minha filha me vê
como um azarado? Ela sabe o que é azar?! Preciso de mais coisas boas na vida? A
bolota é mesmo da sorte?! Onde ela achou?! Posso mais?! O bosque!
Ou,
simplesmente, minha filha entrou em casa, me viu sentado em um canto, com uma
cerveja na mão, cabisbaixo ou pensativo, e resolveu me alegrar com um singelo
afago.
Olha,
não sei. O fato é que a bolota da sorte foi a melhor coisa do meu dia. Me fez
ver (ou relembrar) que problemas podem ser resolvidos com pequenas atitudes.
Agora,
ando a carregar uma bolota pelo bolso. Fora as formigas na calça, mal não faz.
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