Escolas
fechadas, crianças em casa. O dia todo, todos os dias.
As
crianças já não vão para a escola logo pela manhã. Elas também já não chegam
cansadas em casa durante a semana. Já não há a desculpa de dormir cedo no
domingo porque segunda tem de acordar cedo para ir para as aulas. As educadoras
Eva ou Cecília já não fazem parte do seu dia-a-dia. Tampouco os amiguinhos da
escola. Somos só os quatro….
A
sala de aula, agora, é a minha sala. Pintar só é arte se for no encontro entre
o lápis vermelho e o sofá ou com as mãos sujas de morango e banana nas paredes
do corredor. Elas até possuem um quarto. Lindo, amoroso, quentinho, cheiroso. Mas
só entram no bendito cômodo para pegar bugigangas e espalhar pelo resto da casa. Nunca voltam do quarto de mãos a abanar. Assim, as portas dos guarda-roupas já não fecham. A estante dos brinquedos se torna um mero enfeite. Já os brinquedos, soltos e livres, se multiplicam. Dá onde eles vieram? Quem deixou
entrar tanta boneca nessa casa? E aquele monte de peluche? Não sabem que os
bichos de pelúcia fazem mal ao (meu) mundo?!
O
recreio das crianças é entre o meu quarto e a cozinha. Minha cama é o pula-pula
perfeito. O sofá é uma piscina multiuso: mergulhos, saltos ornamentais e nado
sincronizado.
Almofadas
são tapetes, toalhas são tapetes. Já os tapetes são cobertores. Cobertores são
capas de heroínas, cavernas de monstros e, claro, tapetes.
A
casa cheira a fralda suja. As luzes, de noite ou de dia, permanecem
acesas. Nacos de pão e farelos de bolacha dividem espaço no chão da casa.
Manchas de iogurte, ainda bem, somente nas almofadas e na tela da TV.
Gritaria,
histeria, discussão, esporro. Choro, teatro, sorriso, correria. Pela casa toda.
O dia todo, todos os dias.
Não
há mais dias de semana. É o fim de um cotidiano que se pode chamar de “normal”.
Há uma nova rotina, mesmo que caótica. Todos os dias são sábado.
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