Dinamarca
é um destino que eu e a Paz, no meio de nossos sonhos e promessas de viagens
futuras, sempre especulamos. Surgia raramente em alguma conversa nossa, mas,
por motivos totalmente diferentes para ambos, o nome do tal país nórdico estava
sempre “pairando no ar”. Ela, super interessada na cultura, nos museus e na
arquitetura do país. Eu, lógico, louco para conhecer a Legoland! E a fábrica da
Lego também, claro! Se calhar, até ver uma partida de futebol. Afinal, futebol
também é cultura, não? Um jogo de futebol de legos (“legobol”?), então, seria o
auge!
Eis,
então, que a Paz me presenteia com uma viagem de quatro dias para a Dinamarca.
Aventura a dois, vale ressaltar (e festejar). Umas milhas, um feriado, uns avós
ansiosos por ter as netas em casa e estava concretizada a viagem. Passagens
compradas para o dia 30.04.2020, aproveitando o feriado de 1º de maio.
COVID-19.
Mudanças de planos.
Antes
de mais, não estou aqui a reclamar por ter perdido a chance da minha vida de
poder passar 4 dias dentro da Legoland. (Na verdade, seriam 3 dias, já que o
primeiro eu passaria no hotel, dormindo ou me beliscando para ver se era
verdade que não escutava gritos ou choros de criança). Estou, apenas,
constatando o fato óbvio.
Já
não iremos para Copenhagen hoje, nesta semana ou na próxima. Raios! Entre 1 e 3
de maio, não poderemos nem sair do concelho onde estamos!
Minhas
viagens, de momento, resumem-se a ir ao mercado. Fico super feliz de ir, a
qualquer hora do dia, em qualquer dia da semana. Uma aventura de 3 horas, em
busca de papel higiênico, bolachas e biscoitos, barras de chocolate e bebidas
com teor alcoólico leve a moderado.
Quando
sei de véspera que terei de ir às compras, nem durmo direito à noite, tamanha a
ansiedade. Acordo mais cedo, me visto todo bonitinho, limpo as mãos, faço a
checagem do álcool gel, dou uma lustrada na máscara. Vez ou outra, até penteio
o cabelo. Faço hora para as pessoas da casa acordarem e o mercado abrir. Entro
no carro a cantar e saltitar. Torço para ter engarrafamentos, para ter filas na
porta do mercado, para não encontrar itens no mercado e ter de ir em outro.
(Confesso, já até deixei de comprar algo em um mercado só porque “sabia” que
poderia encontrar no outro…)
Sim,
a palavra que estás a pensar é…patético.