sexta-feira, 6 de novembro de 2020

DOIS



Dia desses, a Carolina fez aniversário. Dois anos. Dois!

O tempo voou. Com tanta coisa acontecendo, estes dois anos passaram rápido demais. Dizem que isso acontece quando temos o segundo filho. Que, enquanto com o primeiro tudo é novidade e vivenciamos cada acontecimento, o segundo é mais automático, com decisões mais rápidas, métodos e conceitos estabelecidos. Sem (tempo para) muitas frescuras. O bicho nasce e vai para o mundo.

Teve festinha. Bolo, bolas, balões. Gente, presente, correria, gritaria, sujeira, baderna. Tudo dentro do (novo…) normal, festa clássica de criança.

A mãe e a irmã estavam ansiosas, loucas para o dia de aniversário. Queriam festa (e dos animais!...). Música, dança, lanchinho. Amigos, família, alvoroço, balbúrdia, encontrões, mais presentes.

Carol não fazia muita ideia do que teria pela frente. Uma festa. Aniversário temático (dos animais!...), dia de comemorar os anos. Dois. Se quer saber, eu acho que ela não estava nem aí para a data especial ou o número em questão. Ela até sentia, pela vibração da mãe e alegria da mana, que algo de grandioso estava por vir.

Se calhar, estava à espera de um queque gigante, um balde cheio de uvas, um telefone para poder falar com as vovós e jogar no chão sempre que quisesse ou acesso irrestrito à geladeira e armários de casa.

O fato de ter uma festa especial para ela pareceu não ser uma questão que a fizesse mais ou menos feliz (ao contrário da mãe ou irmã). O que a deixou em êxtase (além dos enormes balões dos animais!) foi ver entrar pessoas para dentro de casa, uma a uma. Para ela, era mais gente para brincar, pular, correr, destruir e dar porcarias para comer. Mais cobaias para suas peripécias, mais amigos para viver o momento. Ela é disso, vive o agora como se não precisasse do depois.

Até teve música dos parabéns. Todos cantaram, felizes. Ela só abriu a boca para comer as guloseimas que “forravam” o bolo. Grande Carol! Preenche a sua vida com o que quer, e não com aquilo que é suposto fazer. Que se lixem as normas e padrões, que se quebrem os paradigmas. Já é assim e só tem dois.



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